DONA DE CASA EM TEMPO INTEGRAL, MÃE, ESPOSA OU PROFISSIONAL? ISSO SEMPRE FEZ PARTE DA MINHA VIDA.
Admiro aquelas que são felizes em ser a rainha do lar e se basta com o que o marido traz para casa, mesmo que lhe falte algumas coisinhas destas das quais toda mulher adora.
Equilibrar afazeres domésticos, levar filhos a escola, ao balé, a natação, as festas de amiguinhos, e fazer café da manha, almoço, lavar, passar, ir para o trabalho, buscar filho na escola, passar ao supermercado. Isso fez parte da minha vida, e eu sonhava em chegar a hora que seria somente dona de casa, no entanto quando ficava muito tempo, sentia falta do trabalho e tudo mais.
Eu comecei a trabalhar com 11 anos e na minha época não tinha esse negócio proibição de trabalho infantil, pois se quisesse estudar mais e conseguir alguma coisa na vida tinha que ajudar a suprir as despesas. Meu pai tinha três filhas e as duas menores muito mais dependente deles por ter menos saúde.
Assim eu tive que tomar decisões muito mais cedo e passei a trabalhar e pagar meus estudos, desde a metade do ginásio da época, passando a estudar a noite e trabalhar de dia.
Quando cheguei ao colégio cheguei a fazer técnico de administração de empresas, o que tive que parar por não ter como pagar e voltei ao colégio do estado.
Mas consegui terminar com ótimas notas, apesar de quase não ter tempo de estudar durante o dia.
E assim pouco depois conheci meu marido que estava fazendo cursinho, tentou vestibular, mas não conseguiu naquele ano. E passou o tempo até que tanta coisa nesse meio tempo se passou e a doença da minha mãe me fez ficar em casa por um tempo para cuidar dela e de meu irmão que ainda era bem pequeno.
Quando ela já estava bem, eu e meu marido ficamos noivos e marcamos o casamento, então no começo eu estive somente em casa, sempre trabalhando com alguma coisa para ajudar nas despesas, e tempo depois já tinha minha filha com dois anos e tive que voltar a trabalhar fora, e até quando engravidei do meu segundo filho, continuei a trabalhar, ficando apenas três meses durante a amamentação e depois decidi trabalhar meio período, para ficar mais tempo com eles. E até que comecei a trabalhar com vendas. Então nessa empresa eu ia uma vez por semana e ficava fazendo contacto do telefone da minha casa e via fax enviava pedidos a empresa, também fazia visitas ao menos duas vezes por semana a minhas revendedoras, e ai em apenas 6 meses ganhei vários prêmios e viagens. E com isso aprendi a administrar meu tempo entre ser dona de casa e profissional. E depois dessa empresa foram outras e quando ficava em casa sempre fazia algo, nunca me conformei em depender do salário apenas do meu marido, sempre gostei de ficar em casa, cuidando e fazendo os afazeres domésticos, quando ficava muito tempo, sentia falta de atividade. Então comecei a fazer trabalhos voluntários em uma entidade que cuidava de criança carente desde creche a abrigos e criança de rua, e até fui membro do conselho municipal dos direitos da criança e do adolescente, que foi a coisa mais maravilhosa que fiz até hoje, e esse trabalho me preenchia e me fazia muito bem e meus filhos cresceram aprendendo a se doar, inclusive minha filha na época, dava aula de origami na creche e também aula de computação para crianças da comunidade.
E quando surgiu a oportunidade de uma sociedade com um amigo de infância em uma escola de informática e cursos profissionalizante, eu mergulhei de cabeça, pois a minha ideia era comprar a parte dele e fazer dessa escola um diferencial em cursos para crianças carentes, mas fui enganada, pois no inicio parece que estava mos falando à mesma língua, mas quando a esposa resolveu ter ciúmes, não sei bem como começou, mas acho que ficava incomodada com o meu sucesso, então começou a virar a cabeça dele e começaram a desviar dinheiro e tomar decisões sem me consultar, e quando meu marido perdeu o emprego e veio para o Japão, eu resolvi ficar e tentar manter ainda a escola, mas acho que esta parte da história vocês já sabem que não terminou bem, e eu tive que vir para o Japão e recomeçar aqui.
Bom na verdade, ainda fiquei sozinha no Brasil por dois anos enquanto meu marido se adaptava aqui no Japão. Neste tempo estive tentando por meio de processos com a justiça, rever algumas coisas que investi nesta sociedade, foi um período de muita luta e decepções até com pessoas da família que não entendia minha luta e achava que tinha que deixar tudo isso para traz e acabou que deixei um pouco, incluindo meus filhos no Brasil.
E vim para o Japão, minha filha acabava de completar 18 anos e eu a emancipei para que ficasse responsável pelo meu filho que tinha14 anos.
Apesar de meus pais estarem sempre por perto, queria que fossem responsáveis de alguma forma. Então cheguei e fui morar com duas pessoas que trabalhava comigo na fabrica e meu marido em outra cidade, à uma hora de onde morava. E nos encontrávamos nos finais de semanas e feriados, já que não era permitido nos encontrar no apartamento onde eu morava, regras imposta pelas minhas colegas. Então após um ano, trouxe meus dois filhos e recomeçamos nossa vida em família novamente. No começo foi bem difícil, mas a alegria de estarmos juntos compensava tudo, e como meu filho com apenas quinze anos, não podia trabalhar na mesma fabrica onde trabalhava, então entrou no curso de japonês pelo método kumom. Pois a escola já era bem difícil pela idade dele e na região não havia outro tipo de curso. Depois disso minha filha adoeceu e voltou ao Brasil para se tratar e acabou casando com um ex-colega de escola. E hoje estão aqui comigo novamente. E apesar de alguns problemas recente de saúde com ela, aparentemente esta tentando se recuperar.
E por isso hoje eu sou feliz, ficando em casa ou não eu sempre estarei à procura de algo melhor para minha família e para os que me são caros. Não sei se qualidade ou defeito, mas me incomoda ver pessoas ociosas desperdiçando o tempo e a vida, sem ter feito algo, para deixar de herança quando se for desta vida. E isso não precisa ser necessariamente coisas grandes mas poderá ser simplesmente uma receita especial que deixe com carinho para filhos e netos.
Lindo seu depoimento, o importante é acharmos o equilíbrio em nossas vidas, da melhor maneira possível.
bj.
http://www.artebrentan-artebrentan.blogspot.com
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NOTA 10 O SEU EXEMPLO E GARRA! A MULHER QUE LUTA E SABE QUE TEM MUITO A OFERECER SEMPRE TERÁ ALGO A ACRESCENTAR!
Também participei, passa lá depois pra ver :http://casascoisaseoutros.blogspot.com.br/2012/10/blogagem-coletiva-especial-dona-de-casa.html
Beijo!
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Emocionante. Isso mesmo, de um jeito ou de outro, importa sermos nós mesmos. Beijos!
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Vivemos numa época em que ser dona de casa não tem mais o valor que tinha antes. Se hoje tenho uma profissão, trabalho e sou independente é por causa dos esforços do meu pai e, principalmente, da minha mãe que ficava em casa cuidando de tudo para que eu pudesse estudar. Foi a presença constante dela que me deu segurança, amor e valores. Não acho que a mulher deva necessariamente ficar em tempo integral em casa e não trabalhar fora, mas se ela escolhe por isso, merece o mesmo valor e respeito que as demais que saem em busca de seu sustento ou de uma complementação para a renda familiar.
Mais admirável ainda são as mulheres que além de cuidar da casa, ainda se desdobram em outras atividades rentáveis ou não e ainda encontram tempo para cuidar de si mesmas. Acho
Parabéns para todas as donas de casa e, especialmente, para as que além de trabalhar em casa ainda tem outra jornada fora e ainda cuidam dos filhos, marido, ou familiares, parentes!
Lindo texto, Emilia! Parabéns!
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*Acho que é o seu caso, Emilia, além de mãe, esposa, companheira, amiga, trabalhadora, dona de casa é também uma excelente blogueira! Você é uma guerreira!
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Não deve ter sido fácil, mas agora que já passou podemos ver que você tirou o melhor que a má experiência poderia dar. Parabéns pela superação.
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Emília quanta garra. Imagino comò deve ter sido dficíl alguns processos na caminhada da tua vida, mas com certeza foram o que moldaram em ti essa força e determinação.
p.s.: estamos com teu vídeo do artesanato e esperamos até o final do mês coloca-lo no ar 🙂
Um abraço!
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Lindo..adorei o sentimento materno e acima de tudo o Amor com que você lida , diante as dificuldades e aprendizados!! Parabéns querida!!
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Minha vida desde sempre foi de superação, aprendendo a lidar com meus medos e dificuldades e sempre tentando ver as coisas e os problemas de forma positiva, e por incrível que pareça muitas vezes meu marido ficava desanimado e eu sempre dizia, vai dar certo e no final dava certo. Um dia soube que ele disse para um amigo que se não fosse eu ele não conseguiria e fiquei feliz por isso.
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